Um olhar sobre Vivara
Margens recordes, crescimento de lucro e ações em baixa. Hora de comprar?
Apesar de todas as incertezas e quedas acentuadas das ações nos últimos meses, a Vivara apresentou mais um belo resultado essa semana. Inscreva-se na newsletter caso ainda não seja assinante e vamos aos números:
Os destaques foram o crescimento do lucro líquido, que subiu 91% no trimestre em relação ao mesmo período de 2023, e 71% no acumulado do ano. Além disso, o incremento nas margens também chamou a atenção por uma maior eficiência na gestão de despesas.
Do lado negativo, destaca-se o aumento de 70% nos estoques ao longo do ano. Segundo a empresa, as principais causas foram 'o volume de produção do ano e o aumento do preço das commodities (fator externo à companhia)'.
O resultado saiu no final do dia da última terça-feira (18) e a reação do mercado no dia seguinte não poderia ser outra senão uma alta significativa. Ainda mais pelo fato de a cotação ter caído nas vésperas da divulgação. O papel começou subindo 3%, chegou a 9% e fechou em alta de 7,5%.
Mas depois dessa alta a empresa está cara ou barata?
Com o lucro de 653 milhões de reais e o valor de mercado na data de publicação do resultado, tínhamos uma empresa negociando a 6,4x o lucro. Mas como sabemos, o que importa mesmo é o futuro. Quanto você projeta esse número para o ano que vem? Pegue esse número e veja o múltiplo projetado para esse ano. Em 2025 a empresa tem um guidance de abrir entre 40 e 50 lojas somente da Life. Então é esperado que haja crescimento, ainda que menor do que o visto nesse ano que passou. Para cada aumento do lucro líquido, temos os respectivos múltiplos Preço/Lucro1:
Ou seja, teríamos uma empresa valendo entre 6 e 5,4 vezes seu lucro futuro. Isso é caro ou barato? Depende. Pode ser caro para uma empresa ruim que não cresce, não gera caixa ou que não tem retorno maior que o custo de capital. Mas, para uma empresa com avenida de crescimento clara, com retorno marginal bom, caixa líquido e bom cenário competitivo, é um múltiplo baixo. Acho barata. Entendo como uma oportunidade, mesmo após subir 7%. Essa subida pós resultado pouca diferença faz na tese de longo prazo.
A empresa tem uma questão de governança que desagradou o mercado, mas, em minha visão, não é nada que vá destruir valor para os minoritários em prol dos controladores. Parece ser uma questão interna de falta de consenso entre a família controladora que tende a ser resolvida.
Enfim, o resultado da empresa não surpreendeu. O que surpreende é como o mercado nos dá a oportunidade de comprar empresas de tal qualidade a esses preços.
*Disclaimer:
OO conteúdo deste canal tem caráter exclusivamente informativo e educacional. As opiniões expressas refletem minha visão pessoal sobre investimentos e não devem ser interpretadas como recomendações de compra, venda ou manutenção de ativos financeiros.
Investimentos envolvem riscos, e cada pessoa deve realizar sua própria análise, considerar seus objetivos financeiros e, se necessário, buscar a orientação de um profissional qualificado antes de tomar qualquer decisão.
O múltiplo preço/lucro (P/L) é um indicador financeiro que compara o preço de uma ação com o lucro que a empresa gera. É uma das métricas mais usadas para avaliar a atratividade de uma empresa como investimento.
Minha principal aposta no bz. Me surpreende ter subido apenas ~7%, dado um estrondoso crescimento de margem ebitda de ~700 bps yoy. O que me chamou atenção negativamente foi o crescimento aquém de Life, com uma receita por m² de -11% yoy e dado que ela era a principal estratégia de crescimento... Fica evidente a melhora de margem se deu pela melhora de eficiência das operações (menos COGS e SG&A). Parece que a estratégia de melhoria de eficiência tanto falando pelo Nelson está se provando...