Analisando o patrimônio dos candidatos a prefeito de São Paulo
Descubra como investe o seu candidato favorito
Na publicação de hoje iremos analisar a distribuição do patrimônio declarado pelos candidatos a prefeito de São Paulo. Antes de começar, vale lembrar que os preços não estão necessariamente atualizados. Inclusive, é bem provável que vários dos ativos estejam com valores defasados da realidade de hoje.
O primeiro candidato será o candidato do PSDB
José Luiz Datena
Patrimônio declarado: R$ 38.301.790,28
O apresentador afirmou ter 25 milhões em previdência VGBL e um total de 10 imóveis que somam cerca de 12,5 milhões de reais. Os demais bens são uma conta bancária com R$ 95 mil e uma cota da empresa JLD Publicidade, declarada por R$ 950. Dentre esses imóveis, constam alguns terrenos em Barueri, Santa Catarina e Goiás.
Os fundos de VGBL costumam ser uma boa opção para a aposentadoria, visto que tem benefícios de impostos para quem fica investido por mais de 10 anos a depender da tabela escolhida. Vale ressaltar que existem diversos fundos desse tipo no mercado, sendo alguns excelentes e outros, nem tanto. O investidor tem que se atentar ao histórico daquela gestão e aos custos embutidos em cada produto.
No geral, trata-se de uma carteira com 67% em Previdência e 25% em bens imóveis. Pelo alto valor total, eu esperava uma carteira mais sofisticada e diversificada entre classes de ativos.
Tábata Amaral
Patrimônio declarado: 807.841,11
A candidata tem 800 mil em ‘‘aplicações financeiras’’ e cerca de 8.500 depositados em conta corrente.
Aqui não há nenhum tipo de detalhamento então não tem muito o que ser analisado. Apenas o valor em conta corrente, espero que não fique parado muito tempo sem ser usado, pois seria uma transferência de dinheiro do investidor para o banco.
Ricardo Nunes
Patrimônio declarado: R$ 4.843.350,91
O atual prefeito de São Paulo tem 862 mil em imóveis, 695 mil em terrenos e 3 milhões em investimentos. Mas o que mais chama a atenção é um trator agrícola declarado no valor de 175 mil reais.
Dentre esses investimentos temos aplicações não detalhadas em ‘‘fundos’’, CDB’s e previdência. De longe, é o perfil mais diversificado, visto que nenhuma classe supera 22% do patrimônio.
Guilherme Boulos
Patrimônio declarado: R$ 199.596,87
Dessa vez, o candidato do PSOL declarou um pouco mais que um celta antigo. Desde a sua última declaração pública, o patrimônio cresceu com a inclusão de 50% de um imóvel que estava no nome dos pais.
Então no final, a carteira fica com 85% nesse imóvel, cerca de 8% no carro e o restante em aplicações financeiras. Também não tem muito o que avaliar.
Pablo Marçal
Patrimônio declarado: R$ 193,5 milhões
Aqui temos de longe, a maior carteira do pleito. De longe, a maior parte se refere à participações em empresas. E como não há detalhamento dos ativos dessas empresas, fica difícil saber o que tem dentro de cada. Aqui o candidato usa um artifício bem comum para pessoas de alta renda: colocar ativos dentro de estrutura jurídicas que otimizam o pagamento de impostos que seriam maiores se estivessem na pessoa física. Chama a atenção também a participação em vários fundos de investidores ‘‘anjos’’1 como esse da Bossa Nova investimentos.
Para não alongar, vamos ficar nos candidatos que participaram do debate da Globo. Quem quiser dar uma olhada nos outro candidatos, é só acessar o site do TSE. Analisando o todo, vemos alguns pontos curiosos:
Uma clara preferência por imóveis e terrenos
Pouca diversificação de ativos na média
Pouca sofisticação em aplicações financeiras
Baixa alocação em ativos geradores de renda
Quase nenhuma alocação em ações de empresas de capital aberto
Excesso de valores deixados em conta corrente sem rendimento
Sobre os bens imobilizados, a declaração não entra em detalhes, mas se esses terrenos e imóveis declarados foram adquiridos antes da pandemia, provavelmente valem muito mais do que estão cotados aqui. É bem provável que alguns estejam marcados a menos da metade do que seriam avaliados atualmente.
Seria interessante também se pudéssemos ter mais detalhes acerca de cada aplicação financeira. Com o que temos, podemos ver que há uma baixa sofisticação na montagem de portfólios dos concorrentes à prefeitura da maior cidade da América Latina.
Investidores anjos são indivíduos que investem capital próprio em startups ou empresas em estágio inicial, geralmente em troca de uma participação acionária